terça-feira, 24 de março de 2020

Artigo


Religião não rima com intolerância
Paiva Netto

Em 21 de janeiro, celebra-se o Dia Mundial da Religião. Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, na década de 1980, arguido por um leitor se não sectarizaria minha palavra o fato de, em meus escritos, dar muito valor à Religião, expandi o que anteriormente havia registrado no primeiro volume de O Brasil e o Apocalipse (1984), que já esgotou várias edições:
Não vejo Religião como ringues de luta livre, nos quais as muitas crenças se violentam no ataque ou na defesa de princípios, ou de Deus, que é Amor, portanto Caridade, e que por isso não pode aprovar manifestações de ódio em Seu Santo Nome nem precisa da defesa raivosa de quem quer que seja. Alziro Zarur (1914-1979) dizia: “O maior criminoso do mundo é aquele que prega o ódio em nome de Deus”.
Compreendo Religião como Fraternidade, Solidariedade, Entendimento, Compaixão, Generosidade, Respeito à Vida Humana, Salvação das Almas, Iluminação do Espírito que todos somos. Tudo isso no sentido mais elevado. Creio na Religião como algo dinâmico, vivo, pragmático, altruisticamente realizador, que abre caminhos de luz nas Almas e que, por essa razão, deve estar na vanguarda ética. Não a vejo como coisa abúlica, nefelibata, afastada do cotidiano de luta pela sobrevivência que sufoca as massas.
Não a entenderia se não atuasse também, de modo sensato, na transformação das realidades tristes que ainda atormentam os povos. Estes, cada vez mais, andam necessitados de Deus, que é antídoto para os males espirituais, morais e, por consequência, os sociais, incluídos o imobilismo, o sectarismo e a intolerância degeneradores, que obscurecem o Espírito das multidões. (...) E de maneira alguma devem-se excluir os ateus de qualquer providência que venha beneficiar o mundo. 

Deus, Sabedoria e Misericórdia
Religião, como sublimação do sentimento, é para tornar o ser humano melhor, integrando-o no seu Criador, pelo exercício da Fraternidade e da Justiça entre as Suas criaturas. O Pai Celestial é fonte inesgotável de Sabedoria e Misericórdia, quando não concebido como caricatura, estereótipo, ódio, vingança, porquanto “Deus é Amor” (Primeira Epístola de João, 4:8), sinônimo de Caridade.
https://ssl.gstatic.com/ui/v1/icons/mail/images/cleardot.gifCom apurado senso de oportunidade, preconiza o Profeta Muhammad (570-632) — “Que a Paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele!” — no Corão Sagrado, Surata Al ´Ankabut (A Aranha), 29:46: “(...) Cremos no que nos foi revelado e no que vos foi revelado. Nosso Deus e vosso Deus é o mesmo. A Ele nos submetemos”.
Vêm-me à lembrança estas palavras de Santa Teresa d’Ávila (1515-1582): “Procuremos, então, sempre olhar as virtudes e as coisas boas que virmos nos outros e tapar-lhes os defeitos com os nossos grandes pecados”.

Religião na vanguarda
Tudo evolui. Ontem os homens diziam, por exemplo, que a Terra era chata. Afirmava-se que o nosso planeta seria o centro do Universo. Por que, então, as religiões teriam de estacionar no tempo? Pelo contrário. Religião, quando sinônimo de Solidariedade e Misericórdia, tem de iluminar harmoniosamente a vanguarda de tudo: da Filosofia, da Ciência, da Política, da Arte, do Esporte, da Economia etc. É também por intermédio dela — a Religião — que Deus, que é Amor, nos manda os mais potentes raios da Sua Generosidade. (...)
Bem a propósito esta meditação do nada menos que cético Voltaire (1694-1778): “A tolerância é tão necessária na política como na religião. Só o orgulho é intolerante”.

Para amainar a frieza de coração
Cabe reiterar esta máxima abrangente de Zarur: “Religião, Filosofia, Ciência e Política são quatro aspectos da mesma Verdade, que é Deus”.
Ora, querer conservar os ramos do saber universal confinados em departamentos estanques, em preconceituosa conflagração, tem sido a origem de muitos males que nos assolam, em especial tratando-se de Religião, entendida no mais alto sentido. É principalmente de sua área que deve provir o espírito solidário, que, faltando à Comunicação, à Filosofia, à Educação, à Economia, à Arte, ao Esporte, à Política e à própria Religião, resulta na frieza de sentimentos que tem caracterizado as relações humanas, nestes últimos tempos.
(...) O milagre que Deus espera dos seres espirituais e humanos é que aprendam a amar-se, para que não ensandeçam de vez, como na pesquisa para o uso bélico da antimatéria.
O melhor altar para a veneração do Criador são Suas criaturas. Torna-se urgente que a humanidade tenha Humanidade.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.


quinta-feira, 19 de março de 2020

Artigo


Reflexão de Boa Vontade

A verdadeira cidadania possui origem no Céu — Por Paiva Netto

Geralmente, os povos e suas pátrias têm sido hábeis na capacidade de subsistir, a despeito da falta de instrução, da descaridade, da fome, da peste ou da guerra. E isso ocorre por força do Espírito Imortal que habita cada uma de suas cidadãs e cada um de seus cidadãos, tenham ou não consciência dessa realidade. É fundamental compreendermos que a verdadeira cidadania possui origem no Céu, de onde realmente viemos, pois há Vida antes da vida.
Revela-nos o Santo Evangelho de Jesus, segundo João, 1:1 a 5: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e nada do que se fez foi feito sem Ele: Cristo Jesus. A vida estava Nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”.
Tal princípio divino se reflete na preocupação e no respeito que as tradições espirituais têm para com a existência celeste, que antecede e se sobrepõe à matéria.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

________________________________________
ServiçoJesus e a Cidadania do Espírito (Paiva Netto), 400 páginas. À venda nas principais livrarias ou pela www.amazon.com.br.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Artigo


Horizonte além do horizonte

Paiva Netto

Em 24 de outubro de 2009, durante as comemorações dos 20 anos do Templo da Boa Vontade, localizado em Brasília/DF, lancei a primeira e, portanto, histórica publicação da Academia Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, cujo tema principal é o revolucionário “Amai-vos como Eu vos amei” de Jesus, a estrutura de um mundo novo.
Permitam-me, então, trazer-lhes trechos do que os jovens integrantes da Academia escreveram sobre A Proclamação do Novo Mandamento de Jesus – A saga heroica de Alziro Zarur (1914-1979) na Terra:
“O Cristo, enquanto caminhou pelo mundo, deixou parábolas e exemplos pragmáticos do Amor e da Justiça Divinos, incluindo a Lei capaz de nos transformar para sempre e de nos fazer entender a origem e o objetivo da existência. Depois de quase dois milênios, o Brasil foi palco da revelação pouco estudada e de reconfortante conceito: em 7 de setembro de 1959, o saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur, fez, em Campinas/SP, a Proclamação do Mandamento Novo: ‘Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos’ (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35). É a História dessa revelação, da ordem espiritual de criar a LBV e do avanço da Obra na Seara do Bem que a Academia Jesus resumidamente narra neste livro. E diga-me, amigo leitor, amiga leitora, que pessoa ou povo não carece desse Amor Celeste para, de fato, viver uma sociedade melhor, porquanto justa? O contrário disso é o que infelizmente se vem alastrando pelo mundo: poluição, violência, temor, guerras. A Proclamação do ‘Amai-vos’ de Jesus é definida por Paiva Netto como ‘um dos atos mais comoventes e decisivos da História — o tempo provará’. E completa: ‘(...) A visão que a Sabedoria imanente do Mandamento Novo nos abre torna compreensível o incompreensível; suportável, o insuportável’.
“A Academia Jesus é composta pelo Instituto de Estudo, Pesquisa e Vivência do Novo Mandamento de Jesus e pelo Instituto de Estudo e Pesquisa da Ciência da Alma. Por meio da produção de um saber que a todos conforte, isto é, espiritual e terreno, tem por objetivo dessectarizar a maneira como alguns veem o Cristo de Deus e o Cristianismo, isto é, mostrar a influência e a aplicabilidade das lições universais e eternas do Acadêmico Celeste em todos os campos do conhecimento, que não se limita às fronteiras físicas”.

 

Além do além

Todo esse esforço de Fé Realizante que os jovens de Boa Vontade descrevem visa demonstrar o acanhamento de qualquer campanha infrene de reducionismo de todo o significado divino-humano de Jesus, que, no famoso diálogo com Nicodemos (Evangelho, segundo João, 3:1 a 21), nos desperta para o fato de que existe uma Espiritualidade além da espiritualidade, uma Filosofia além da filosofia, uma Ciência além da ciência, uma Economia além da economia, uma Política além da política, uma Arte além da arte, um Esporte além do esporte, uma Existência além da existência, um Horizonte além do horizonte, um Deus Divino além do deus humano. A Academia Jesus nasce para iluminar o conteúdo ideológico (espiritual e humano) dos seres de Boa Vontade, da Terra e do Céu da Terra, em todas as áreas de atuação, para que sua forma de exprimir-se e de existir não seja espiritualmente vazia, e que, por isso, a Doutrina do Cristo, em Espírito e Verdade, à luz do “Amai-vos” (Evangelho, segundo João, capítulos 13 e 15) cumpra sua notável tarefa de esclarecer e libertar as criaturas, pois o Criador deseja que ninguém se perca (Segunda Epístola de Pedro, 3:9). Por isso, criou a Lei das Reencarnações ou das possibilidades sucessivas de remissão (...).
Eis, em suma, a mensagem de Jesus que esses jovens querem ressaltar: a Paz para todos os povos e nações, de modo que definitivamente se aliem, como no caso da sobrevivência da Terra — governo, povo, empresários, e assim por diante. A questão é conduzir a Economia pensando no Capital de Deus, o ser humano.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.