quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Artigo


Espírito, cérebro e comando
Paiva Netto

Ao longo das décadas, tenho defendido na imprensa brasileira e do exterior que, aos poucos, a criatura humana vai aumentando a consciência de que a continuidade da vida após a “morte” não é um conceito que interessa apenas aos que professam alguma crença religiosa ou filosófica, mas é objeto de estudo sério para todos. A compreensão correta de que somos, antes de mais nada, Espírito intensifica a força de vontade no enfrentamento de tudo o que não seja recomendável à nossa existência, coletiva ou individual.
Para ilustrar convenientemente esse poder de que dispomos, observem este ensinamento do dr. André Luiz (Espírito), na obra Evolução em dois mundos, psicografia de Chico Xavier (1910-2002) e Waldo Vieira (1932-2015): “O Espírito encontra no cérebro o gabinete de comando das energias que o servem, como aparelho de expressão dos seus sentimentos e pensamentos, com os quais, no regime de responsabilidade e de autoescolha, plasmará, no espaço e no tempo, o seu próprio caminho de ascensão para Deus”.

A mente do Espírito
Na publicação Ciência e Fé na trilha do equilíbrio (2000), que escrevi para a primeira sessão plenária do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, assevero que a inteligência se situa além da estrutura física, como se houvesse um cérebro psíquico fora do somático. Por conseguinte, conclui-se — e venho reiterando no decorrer desta obra — que a essência espiritual não é uma projeção do cérebro humano nem resultado de algumas reações neuroquímicas e que o homem não é um corpo que tem um Espírito. Contudo, um Espírito Eterno que possui um corpo passageiro.
 “Ah!, mas a Ciência ainda não comprovou nada”... 
Porém, como asseverou o astrofísico norte-americano ateu Carl Sagan (1934-1996): “A ausência da evidência não significa evidência da ausência”.
Em É Urgente Reeducar! (2010), argumentei que não nos podemos ancorar apenas em nossos limitadíssimos cinco sentidos físicos. Eles não são bastantes para nos fazer devidamente avançados, pois a Cultura tem origem verdadeira no Mundo Espiritual. Quando soubermos estabelecer a perfeita sintonia Terra–Céu para merecer a ligação permanente Céu–Terra, receberemos de lá conhecimento crescente. Antes de tudo, somos Espírito.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Artigo


Razão, Aristóteles e sentimento
Paiva Netto

Um dia desses, repassava páginas do meu livro As Profecias sem Mistério, 1998. Achei oportuno trazer-lhes um trecho extraído do capítulo “Apocalipse: Razão e Coração”. Espero que o apreciem:
Certa vez, à mesa, enquanto realizávamos a Cruzada do Novo Mandamento de Jesus no Lar, um jovem presente, àquela altura com 17 anos, concluiu com sagácia: “Realmente, o ser humano, não obstante o extraordinário avanço tecnológico, não está evoluindo como deveria. Na verdade, só está andando mais depressa, sem saber com certeza, até agora, para onde vai. Por esse motivo, o mundo continua sendo um imenso quebra-cabeça”.
O jornalista Alziro Zarur (1914-1979) ensinava, nas suas prédicas populares, evangélicas e apocalípticas, que a saída para qualquer problema, por pior que seja, é “ligar a tomada no Gerador que é o Cristo Jesus”, o que pode soar absurdo a homens e mulheres excessivamente racionais.
Não sou contra a Razão, como não me oponho ao sentimento. “In medio virtus”, preconizava Aristóteles (384-322 a.C.), em Ética a Nicômaco, seu filho. Eis por que venho asseverando que precisamos unir à inteligência do cérebro a do coração. Costumo valer-me deste exemplo: quando em boa hora surgiu o Iluminismo, depois da Idade Média, já na Era Moderna, muitas pessoas viram no racionalismo a chave efetiva, enquanto acusavam as religiões pela aflição permanente das criaturas. É óbvio que a Razão realiza importantíssimo serviço pelo crescimento dos povos, mas não bastou para emancipá-los de seus tormentos. Trouxe incontáveis inovações. Contudo, somou-se àquilo que os iluministas qualificaram de erros religiosos uma carrada de novos enganos. Adicionaram-se aos anteriores os deslizes advindos do uso desmedido do racional.
Novamente, o ser humano colocou-se na busca do equilíbrio, um caminho para a solução de suas angústias.
É quando, radioso, emerge, liberto da obscuridade e do estigma do medo, o Apocalipse do Divino Chefe: uma carta de amigo que apenas deseja o bem do destinatário, escrita com providencial antecedência aos conflitos que a Humanidade teria de enfrentar, pelos milênios, em virtude da desarmonia, criada por si mesma, para com as leis universais, eternas. Jesus é suprema expressão de Fraternidade. Não transfiramos a Ele os equívocos praticados em Seu nome. E é por esse prisma que o texto profético deve ser analisado, até mesmo pelos ateus. (...)
Há respeitáveis pensadores que fazem muita questão de ser racionais (Bem que um pouco de ceticismo seja saudável à inteligência). Por isso, talvez demorem a entender a programação divina para o progresso das gentes, porquanto, para compreensão dela, é imprescindível devidamente observar a lei do Amor, que ilumina a solidariedade social. Na trágica situação em que se encontram alguns países, o Amor Fraterno tem demonstrado ser a trajetória a seguir, com o envolvimento humano conjunto das nações, e seu grande poder estrutural e econômico, daqui para a frente, sem arrefecer jamais. O beneficiado por tudo isso, apesar da ganância ainda existente, será o mundo globalizado.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

artigo


Solidariedade: um caminho para a Paz
Paiva Netto

A Paz desarmada jamais resultará apenas dos acordos políticos, todavia, igualmente, de uma profunda sublimação do espírito religioso. Como grandes feitos muitas vezes têm suas raízes em iniciativas simples, mas práticas e verdadeiras, de gente que, com toda a coragem, partiu da teoria para a ação, com a força da autoridade de seus atos universalmente reconhecidos, valhamo-nos deste ensinamento de Abraão Lincoln (1809-1865): “Quando pratico o Bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião”. Ora, ninguém nunca poderá chamar o velho Abe de incréu...
Dinheiro e fama podem tornar-se um pesado fardo para o ser humano. Dificilmente trazem felicidade. A não ser à medida que correspondam a benefícios promovidos em favor do coletivo. Eis um caminho para a Paz entre aqueles que tudo têm e os que necessitam de auxílio: Solidariedade.
Quando você compreende o sentido da renúncia, aprende a amar. É nesse momento que a felicidade genuinamente se apossa do seu coração. Lição do Bhagavad-Gita: “Conhece a Paz quem esqueceu o desejo”.

Pensamento firmado na Paz
Transformações perenes com frequência surgem nos instantes de grande agitação histórica. Os tenazes crescem em tempos de refrega. Se o fizerem com o pensamento firmado na Paz, o efeito de seus esforços marcará sua passagem pela Terra com o sinete da Luz. O ilustre médico brasileiro Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (1831-1900) ensinava que, “se aspiramos transmitir a Paz, se queremos elevar o coração da criatura, não podemos prescindir, em nossas vidas, de uma profunda e radical mudança na busca do fortalecimento da Fé e do entendimento dela”.

O efeito da Justiça será a Paz
Os povos geralmente conseguem sobreviver às maiores confusões que lhes atravessam o caminho. É muito boa essa teimosia, esse bom senso de tanta gente que fundamenta as suas ações na Coragem, como também no Amor, no Bem, na Solidariedade, na Fraternidade e na Razão esclarecida pelo raciocínio iluminado por Deus. No entanto, nunca no fanatismo.
Tamanho denodo é que tem feito a Humanidade subsistir a tanta loucura. A seguinte lição de Isaías, no seu livro do Antigo Testamento da Bíblia Sagrada (32:17), referenda essa realidade quando afirma: “O fruto da Justiça será Paz, e a operação da Justiça, repouso e segurança para sempre”.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.