segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

LBV


ARTIGO



Direitos Humanos e Deveres Espirituais

Paiva Netto

Em 10/12, comemora-se oficialmente o 67o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, votada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em Paris, no Palácio de Chaillot, no ano de 1948. Ela se tornou uma das principais cartas que regem as nobres iniciativas da ONU, inspirando a elaboração de outros importantes documentos e constituições, a exemplo da Carta brasileira, proclamada em 1988, a “constituição cidadã”, na definição do deputado Ulysses Guimarães (1916-1992), que presidiu a Assembleia Nacional Constituinte.

O “Rascunho de Genebra”
Eleanor Roosevelt (1884-1962), viúva do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), comandara desde janeiro de 1947 o Comitê dos Direitos Humanos, reunido pela ONU, até a adoção dos 30 artigos naquele memorável dezembro de 1948. Considerada a força motriz do projeto, dona Eleanor liderou um grupo com 18 integrantes de heterogênea formação cultural, política e religiosa, elaborando o que ficou conhecido como o “Rascunho de Genebra”, em setembro de 1948, apresentado e submetido à aprovação dos mais de 50 países membros. É com grande orgulho que recordamos a participação do ilustre jornalista brasileiro, meu dileto amigo, Austregésilo de Athayde (1898-1993), um dos mais destacados colaboradores desse extraordinário trabalho. Ele também ocupou a presidência da Academia Brasileira de Letras (ABL) e do Conselho de Honra para a construção do ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF.

A almejada liberdade
Ao longo das eras, o estudo do Direito foi sendo aperfeiçoado, a fim de dar garantias cada vez mais sólidas à sociedade. O século 20, por exemplo, nos legou um imenso aprendizado por meio de sucessivas conquistas civis.
Em homenagem a tantos ativistas que, ao longo da História, almejaram liberdade e condições dignas de vida, e em contribuição a tão significativo marco, trago-lhes trecho de modesta palestra que proferi, publicada, entre outros, em Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987) e no Manifesto da Boa Vontade (21 de outubro de 1991):
Acreditar que possa haver direitos sem deveres é levar ao maior prejuízo a causa da liberdade. Importante é esclarecer que, quando aponto os deveres do cidadão acima dos seus próprios direitos, em hipótese alguma defendo uma visão distorcida do trabalho, em que a escravidão é uma de suas facetas mais abomináveis.
Por isso, queremos que todos os seres humanos sejam realmente iguais em direitos e oportunidades, e cujos méritos sociais, intelectuais, culturais e religiosos, por mais louvados e reconhecidos, não se percam dos direitos e liberdades dos demais cidadãos. Porquanto, liberdade sem fraternidade é condenação ao caos.
Uma sociedade em que Deus e Suas Leis de Amor e Justiça inspirem zelo à liberdade individual, para garantir segurança política e jurídica a todos, como nos inspira o Natal do Cristo de Deus. Falo do Criador Supremo, não do errôneo entendimento que procura fazer Dele, que é Amor, instrumento execrável de fanatismo e tirania, preconceito e ódio. Consequentemente, não me refiro ao deus antropomórfico, caricato, criado à imagem e semelhança do homem imperfeito. (...)
As virtudes reais serão aquelas constituídas pela própria criatura na ocupação honesta dos seus dias, na administração dos seus bens e no respeito pelo que é alheio, na bela e instigante aventura da vida. Uma nação que se faça de tais elementos será sempre forte e inviolável.
Desejo que, em pleno século 21, consigamos consolidar esses ideais e expandi-los aos povos da Terra, para que sejam plenamente vivenciados. E jamais repetir o século 20 naquilo em que ele foi um fracasso.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ARTIGO

Legião da Boa Vontade e a Ideologia do Bom Samaritano
Uma bela lição do Cristo

Paiva Netto
Falando a uma simpática plateia, no ano de 1991, em Portugal, revelei-lhe que, ainda na minha meninice, a primeira notícia pela qual tive conhecimento da Bíblia Sagrada, em particular a Boa Nova de Jesus, veio por intermédio de meu saudoso pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000). Ele me falou sobre uma comovente história contada ao povo pelo Cristo de Deus: a Parábola do Bom Samaritano. E a leu para mim. A passagem se encontra no Evangelho, segundo Lucas, 10:30 a 37. Disse Jesus:
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, retiraram-se, deixando-o semimorto. Descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo um levita chegando àquele lugar, e, avistando o pobre homem, passou também de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, fitando-o, tomou-se de infinita compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e pondo-o sobre um animal de sua propriedade, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No outro dia, partindo, tirou dois denários (antiga moeda romana), e deu-os ao dono da hospedaria e lhe disse: Cuida bem deste ferido, e tudo o que de mais gastares, eu te pagarei quando aqui voltar. Qual, pois, destes três — perguntou Jesus ao homem da lei — te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Ao que o doutor da lei lhe respondeu: Claramente o que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, então, calmamente Jesus: ‘Vai, pois, e faze da mesma forma’”.
Ao reler a Parábola, medito, profundamente tocado em minha Alma, sobre mais esta bela lição do Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, Aquele que se dispõe a socorrer a qualquer necessitado em suas agruras, e que me despertou para o valor da Solidariedade, e me fez disposto, de todo o coração, ainda adolescente, a participar dessa divina empreitada (Legião da Boa Vontade) sem jamais dela desertar. Afinal, aprendemos com Jesus a persistir até o fim: “Na vossa perseverança, salvareis as vossas almas” (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 21:19).
Aliás, para os de Boa Vontade, ser tenaz no Caminho do Senhor deve desenrolar-se além do chamado fim humano, porque a Vida continua, pois os mortos não morrem. Nem os Irmãos ateus, entre os quais se encontram criaturas de esmerada generosidade.
Agradecimento
Meus sinceros agradecimentos a todos os que têm colaborado pelo sucesso da LBV: os seus voluntários e contribuintes. Nosso muito obrigado, também, às autoridades, religiosos, ateus, artistas, à mídia. Enfim, a todas as criaturas de Boa Vontade que nos ajudam. Aos mantenedores do Clube Cultura de Paz, meu incentivo.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.