sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

ARTIGO

Ecumenismo dos corações e Esperanto

Paiva Netto

O Esperanto, criado por Lázaro Luís Zamenhof (1859-1917), é uma das vertentes culturais da Legião da Boa Vontade de importante relevância. Por intermédio dele, o idioma deixa de ser um obstáculo na exposição de nossos conceitos e práticas de solidariedade, que tem, no Ecumenismo dos Corações, decisivo fator de congraçamento planetário. 
Em 2012, para gáudio de todos nós, Adrienne Földi, a senhora Pásztor, de Miskolc, Hungria, fez uma expressiva resenha de meu livro Reflexões da Alma, em Esperanto, para a revista Nordhungaria Informo (Informativo do Norte da Hungria) nas versões em Esperanto e Húngaro. Além de redatora responsável do periódico, ela é delegada da Associação Universal de Esperanto (UEA) e membro da Associação Mundial dos Jornalistas Esperantistas (TEĴA).
Recentemente, recebi da senhora Pásztor uma correspondência encaminhando sua obra Danco de Feinoj (Dança de Fadas), da qual gostaria de lhes apresentar alguns trechos.
Simpatizante e divulgadora dos ideais da LBV desde 2008, escreveu-me: 
“Saudações, prezadíssimo senhor Paiva Netto!
“Quando tive a felicidade de ler o seu livro Meditadoj el la Animo (Reflexões da Alma), lamentei não ter um livro de minha autoria para presenteá-lo em retribuição à sua bela obra. Agora foi publicado o meu primeiro livro em Esperanto, após as minhas duas obras editadas em húngaro. Por meio desse livro, eu o saúdo. Meu livro tem como objetivo estimular os esperantistas para que eles também escrevam corajosamente sobre os mais diversos temas da vida, para demonstrar que o Esperanto é adequado a esse fim.
“De coração o saúda a autora de Danco de Feinoj (Dança de Fadas)”.
Registro aqui meu agradecimento a essa nossa fraterna irmã em Humanidade.


José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

artigo

Esopo, Liberdade e Esperança

Paiva Netto

Fui aluno do Pedro II, o antigo Colégio-Padrão, no Rio de Janeiro. Boas recordações guardo dos mestres Homero Dornelas, assessor do genial Heitor Villa-Lobos; Honório Silvestre; José Jorge; Newton de Barros; Pompílio da Hora; Sá Roriz; Farina; Choeri; Sebastião Lobo; José Marques Leite; Fernando Segismundo, ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, a nossa ABI; e outras notabilidades nacionais.
Lá estudávamos as páginas de Esopo, Fedro, La Fontaine… 
Fábulas, todos sabem, são narrativas em que os animais falam, acertam ou se equivocam, possuem sabedoria ou empáfia. Enfim, singularizam os homens com as suas qualidades e defeitos. Esopo, um cativo grego na ilha de Samos, viveu há mais de 2.500 anos e era campeão em contar essas historinhas, que sempre nos convidam a refletir. Uma delas é:

O cão e o lobo 
Vinha um cão por uma estrada. De súbito, deu de frente com um lobo, que lhe disse:
— Amigo, estás com uma excelente aparência! Forte, lépido, feliz. Sinto até inveja de ti…
— É mesmo?! Faze então igual a mim. Consegue um dono bondoso. E terás alimento nas horas certas e serás bem-cuidado. Meu único serviço é, se aparecerem assaltantes, latir à noite. Vem, pois, comigo e ele te dará semelhante tratamento.
O lobo considerou a proposta muito boa e foi acompanhando o cão no caminho de casa. Até que, a um dado instante, um fato despertou a sua curiosidade.
— Que é isso pendurado em teu pescoço? Estás machucado? 
— Bem... — respondeu-lhe o cão — é por causa da coleira.
— Quê?! — espantou-se o lobo…
— De dia, meu senhor me prende com ela. Não quer que eu apavore as pessoas que o visitam. 
Ouvindo isso, o lobo não quis mais conversa e abandonou o cão no meio do trajeto, todavia não sem antes lhe dizer: 
— Amigo, esquece tudo, porque não te seguirei mais. Acho melhor viver liberto do que na tua aparente abastança.

Moral da história e a lição de Jesus
Não há ouro suficiente que valha a liberdade. E, assim, o velho filósofo da Hélade, que era mentalmente livre, embora padecesse a ignomínia da escravidão, legou-nos, entre outros, esse grande preceito. Contam que o seu senhor, espantado com tamanho saber, lhe deu carta de alforria.
O ensinamento de Jesus é superior ao do fabulista. Encontra-se no Evangelho, segundo João, 8:32: “Conhecereis a Verdade (de Deus), e a Verdade (de Deus) vos libertará”. Eis a diferença — a verdade dos homens, em geral, costuma deixá-los malogrados, porque às vezes é apenas Razão, que pode variar conforme os mais diversos fatores, incluídos os de longitude e latitude, apesar da globalização infrene. A de Deus, porquanto Razão embasada na Justiça e firmemente no Amor, por conseguinte distante de fanatismos ou convicções pétreas, eleva-os ao esclarecimento maior, até nas dúvidas mais recônditas, premiando-os, quando pacientes e pertinazes, com a emancipação que não os surpreenderá, adiante, com as mais tristes frustrações. Isso ocorreu com célebres pensadores que viram suas certezas abaladas, ou mesmo derruídas, com o estremecimento de ideologias brilhantes, porém pouco eficazes. Entretanto, como esclareceu Lavoisier (1743-1794): “Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Ninguém é culpado, sendo crente ou ateu, por querer, em todos os sentidos, o melhor para o povo. 

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

artigo

Aids — o vírus do preconceito agride mais que a doença

Paiva Netto

O organismo humano é a mais extraordinária máquina do mundo. Mesmo assim, falha. Contudo, com Amor, até os remédios passam a ter melhor resultado.
Nossos Irmãos que padecem com o vírus HIV e os que sofrem de outros males físicos, mentais ou espirituais precisam, em primeiro lugar, de Amor Fraterno, aliado ao socorro médico devido. Se a pessoa se sentir humanamente amparada, criará uma espécie de resistência interior muito forte, que a auxiliará na recuperação ou na paciência diante da dor. Costumo afirmar que o vírus do preconceito agride mais que a doença.
Aos que sofrem o abandono a que foram relegados por antigos correligionários, por amigos de discussão intelectual e até mesmo pelos seus entes mais queridos, o conforto destas palavras de dom Paulo Evaristo Arns, cardeal-arcebispo Emérito de São Paulo, na sua tocante obra Da Esperança à Utopia — Testemunho de uma Vida: “A graça de Deus não esquece ninguém nem se regula por crachás. Basta lembrar o segundo capítulo do livro Gênesis para sentir como o sopro de Deus infunde vida ao ser humano e lhe dá como companheira a Esperança por toda a vida. (...) Afinal, o mundo é de Deus, e Deus está presente no coração de cada pessoa, por menos que esta O sinta ou O exprima de viva voz. (...) A utopia é a união de todas as esperanças para a realização do sonho comum. Se realizarmos este sonho, teremos construído uma nova realidade”.
Longe do Amor Fraterno, ou Respeito, se assim quiserem apelidá-lo, o ser humano jamais saberá viver em Sociedade Solidária Altruística Ecumênica, porque a sua existência ficará resumida a um terrível “universo”, o mesquinho “universo” do egoísmo. Por esse motivo, escreveu o pensador e sociólogo francês Augusto Comte (1798-1857): “Viver para os outros é não somente a lei do dever, mas também da felicidade”. Trata-se de uma lição que ninguém deve esquecer em circunstância alguma.

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ARTIGO

O que interessa

Paiva Netto

Em reconhecimento à Declaração de Paris, assinada em 12 de novembro de 1995, as Nações Unidas instituíram o 16/11 como o “Dia Internacional da Tolerância”. A data foi escolhida em tributo à assinatura da constituição da Unesco, no ano de 1945. Nossa homenagem também ao Dia Nacional da Consciência Negra, 20/11, em memória do valente Zumbi dos Palmares (1655-1695). O Ecumenismo étnico é igualmente fator primordial para afastarmos a intolerância do convívio planetário.

Ideal Ecumênico
Em É urgente reeducar!, campeão de vendas da 21a Bienal Internacional do Livro de São Paulo e destaque na 56a Feira do Livro de Porto Alegre, ambas em 2010, fiz constar trecho de minha publicação Paz para o Milênio, editada para a Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, realizada em 2000, na sede da ONU em Nova York. Ali defendo a posição de que todas as animosidades que costumam dividir, segregar os Seres Humanos em grupos intolerantes, se opõem ao Ideal Ecumênico. Assim sendo, promovem a intransigência, contribuem para a manutenção desse estado de tensões múltiplas que poderão empurrar o mundo na direção de um conflito indescritível que ninguém, em sã consciência, pode desejar.

Vemos o Ecumenismo Irrestrito (entre os mais diversos ramos do saber humano) e o Total (que abrange as esferas espirituais, ainda invisíveis aos nossos parcos sentidos físicos) como expressões máximas do Amor e da Justiça, o eixo de gravidade de uma sociedade sadia. É o estado natural e o querer espontâneo de toda criatura quando espiritualmente integrada ao Criador, ou ao verdadeiro sentido de humanidade, e bandeira dos que, religiosos ou não, labutam por uma convivência planetária melhor. O Ecumenismo proposto pela Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo não impõe nada a ninguém, a não ser suscitar o convite para o entendimento natural entre gente civilizada.

Campo Neutro
Quando o jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979) esboçou em sua mente a criação da LBV, isto em 1926, idealizou-a como um campo neutro, um ambiente ecumênico, em que todos pudessem, irmanados, conviver em Paz. Numa palestra que proferi na década de 1990, utilizei-me de um interlocutor fictício para reforçar na mente dos que me prestigiavam com sua atenção o valor do respeito e da tolerância no bem conduzir da sociedade no cotidiano:

Qual a sua religião? O que isso interessa?
Qual o seu partido político? O que isso interessa?
Ah, você é negro! O que isso interessa?
Você é mestiço! O que isso interessa?
Você é branco! O que isso interessa?
Você é ser humano! É isso que interessa!

Somos seres humanos, com direito à liberdade de pensamento. Se aqueles que raciocinam assim como nós não fortalecerem os seus laços, dias piores virão para a Humanidade. Quem tem segurança hoje? Retomo aqui importante conclusão do velho Zarur, muito propícia para o momento em que vivemos: “Não há segurança fora de Deus”.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.


ARTIGO

Ciência, Tecnologia, Paz...
Paiva Netto

A Legião da Boa Vontade, LBV, que integra o Conselho Econômico e Social (Ecosoc) das Nações Unidas desde 1999, com status consultivo geral, apresentou em julho de 2013, no Escritório da ONU em Genebra, Suíça, suas recomendações aos chefes de Estado e de Governo, representantes das agências internacionais, do setor privado e da sociedade civil presentes na Reunião de Alto Nível do órgão, que discutiu “Ciência, Tecnologia e Inovação, e o potencial da cultura na promoção do desenvolvimento sustentável”.
Do documento que preparei especialmente para a ocasião, publicado na revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável, em espanhol, francês, inglês e português, trago-lhes mais alguns trechos:

Sem Fraternidade Ecumênica, não há planeta
Sempre defendi e fiz constar em artigos, na imprensa e na internet: não há limites para a solidária expansão do Capital de Deus: o ser humano com o seu Espírito Eterno.
Portanto, a melhor tecnologia a ser desenvolvida nestes tempos de globalização desenfreada é a do conhecimento de nós mesmos. É superior a qualquer descoberta tecnológica, pois tem o poder de impedir que o indivíduo (informatizado ou não) caia de vez no sofrimento por ter desabado na barbárie mais completa.
Sem o sentido de Fraternidade Ecumênica, acabaríamos com o planeta, mantendo nossos cérebros brilhantes, mas os corações opacos. A almejada reforma da sociedade não virá em sua plenitude se o Espírito do cidadão (ou cidadã) não for levado em alta conta. (...) O mundo precisa de progresso, sim e sempre, que lhe dê pão e estudo; todavia, necessita igualmente do indispensável alimento do Amor e, por conseguinte, do respeito.
A Solidariedade e a Fraternidade são justamente combustíveis que motivam a ação diligente de todos os atores sociais idealistas da comunidade internacional.

Paz e entendimento entre os povos
Se a tecnologia, pois, supera barreiras humanas — a internet é um exemplo disso —, é fundamental que a Solidariedade se desenvolva à sua frente, a fim de iluminar-lhe os caminhos. Nunca estivemos em momento mais auspicioso para demonstrar quão potencialmente grandes são as possibilidades de usá-la a serviço dos povos.
Que sob a invocação de Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, sem prescindir de exaltado espírito de solidariedade humana, possamos no remate deste encontro abraçar, juntos, uma agenda de realizações pautada no entendimento comum que os membros da ONU, desde a sua fundação, perseguem, assim como as Mulheres, os Homens, os Jovens, as Crianças e os Espíritos de real Boa Vontade. (...)

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

ARTIGO

Muro de Berlim e as fronteiras vibracionais
Paiva Netto

Após a inauguração do Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, Brasil, em 21/10/1989, testemunhamos, pela TV, em 9 de novembro, na Alemanha, a queda do Muro de Berlim. Esses dois acontecimentos, que completaram 25 anos, trazem em similitude a vitória da liberdade. A ignorância, porém, persiste, em várias regiões do mundo, em desejar tolher o direito inerente à criatura humana de poder exprimir, com equilíbrio, as suas convicções políticas, científicas, artísticas, filosóficas, religiosas, esportivas, e assim por diante, na busca de um mundo melhor.
Quem poderia conceber que aquele portentoso paredão, que muito mais que concreto era ideológico, tombaria? Mas caiu! Da mesma forma, as fronteiras vibracionais entre esta e outras dimensões também virão abaixo, mais cedo ou mais tarde.

Universo Invisível
Em 1981, durante a conferência “A Decodificação do Pai-Nosso”, que rea­lizei em Porto Alegre/RS, Brasil, no Ginásio de Esportes do Colégio Protásio Alves, convidei o povo que me honrava com sua atenção a desenvolver este raciocínio:
A Ciência humana, a despeito dos respeitáveis esforços de tantos abnegados idealistas, encontra-se no início de sua brilhante trajetória, apesar do extraordinário progresso a que nos tem conduzido. Vejamos o justificado deslumbramento de suas mais importantes figuras ante a restrita parcela do Cosmos que se vê. Mas e diante da imensidade que não se enxerga, que não se descobriu ainda?... Não aludimos apenas ao Universo físico, com suas galáxias, que é algo realmente de assombrar: só a Via Láctea, da qual fazemos parte, abarca bilhões de estrelas... É incrível a sua abrangência!... E os mais poderosos telescópios e radiotelescópios alcançam a mínima parte deste Universo físico. Os seres humanos, e mesmo os invisíveis de razoável grandeza espiritual, pois essas são muitas no “Outro Lado” da Vida, acabam também fascinados, e com muita razão... Entretanto, e a amplitude que até agora não perlustramos? Aqui está a filigrana: quando arguimos pelo que falta desbravar, não estamos unicamente a nos referir à composição material dos corpos celestes que vagam pelo espaço: essa enormidade que os maiores cientistas não puderam até o presente momento pesquisar nem sequer ver de todo.
Falamos também do Universo Invisível, ultradimensional, onde as Almas residem, que, no estágio evolutivo da civilização contemporânea, não pôde, até agora, ser devidamente percebido pelos olhos somáticos nem acreditado pela Ciência terrestre, em boa parte. E o mais surpreendente: nem por alguns religiosos que pregam a Vida Eterna. Todavia, quando diversos pioneiros começam a analisar e estudar as possíveis dimensões em que habitam os Espíritos, há quem procure depreciar sua labuta. Na verdade, alguns temem avançar na direção descortinada pelos precursores. De certa forma, é como na fábula de Esopo: Vulpes et uva. O filósofo e sociólogo Herbert Spencer (1820-1903) acertou quando definiu que há um princípio utilizado como uma barreira contra qualquer informação, semelhante à prova oposta a todo tipo de argumento. Esse preceito jamais pode falhar, de modo a manter a Humanidade numa ignorância contínua e perpétua. Trata-se de condenar antes de investigar. 
A Ciência tradicional deverá preparar-se para absorver os muitos dados novos coligidos pela Ciência de ponta. Entretanto, terá de incluir nas novidades o reconhecimento do Mundo Espiritual, não como resultado de químicas cerebrais que excitariam a mente humana na região do ilusório, pois esta conclusão é muito cômoda, sobretudo ante a realidade pluridimensional, onde existe o prolongamento da vida consciente e ativa do ser, nas esferas ainda imperceptíveis ao sentido visório.
Ainda em 1981, popularmente discorri sobre essa questão das dimensões materiais do Universo, tendo em vista ensinamentos do Evangelho e do Apocalipse de Jesus: em geral, cogita-se de grandeza, dimensão, distâncias físicas... Contudo, os limites do Universo podem igualmente ser vibracionais... O ser humano falece, o corpo fica... O Espírito (ou como o queiram chamar), que não pode ser reduzido ao restrito território da mente, migra para outro Universo ou outros universos, que ainda não se veem... A Ciência, em seus elevados termos, a posteriori comprova o que a Religião, de maneira intuitiva, bem antes percebera. A primeira conceitua; a segunda ilumina, quando realmente Religião e nunca reserva de tabus e preconceitos. No entanto, a Intuição, conforme afirmamos, é sempre mais rápida. É a Inteligência de Deus em nós. 

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Templo da Paz


Paiva Netto

Até 8 de novembro, ocorrem as celebrações dos 25 anos do Templo da Boa Vontade (TBV), completados no último dia 21 de outubro.
Quando inaugurei o Templo do Ecumenismo Divino, em 1989, tivemos a primeira audição mundial da “Sinfonia Apocalipse”, que compus, em 1987, com a parceria do saudoso maestro Almeida Prado (1943-2010). Sob a regência de Achille Picchi, ela foi apresentada pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro para a multidão que lotava a Praça Alziro Zarur, em frente ao TBV. O coro, nessa melodia, chama, repetidas vezes e com grande Fé: “Vem, Senhor Jesus!”. Trata-se de uma forte invocação à Paz.
O propósito do TBV, portanto, é contribuir para que ela seja uma realidade construída pela confraternização ecumênica de todos. Daí a oportuna sugestão do jornalista Gilberto Amaral de que o batizássemos também de Templo da Paz.
A alguém que possa argumentar que defendemos uma utopia, recordo comentário que fiz, em 1981, durante uma entrevista ao jornalista italiano radicado no Brasil Paulo Parisi Rappoccio: É justo considerarmos: tudo com Boa Vontade verdadeira tem saída. De fato, os problemas nacionais e mundiais são imensos, mas por que ir por aí estigmatizando-os como situação irremediável? Decisivo realmente, e no mais esperançoso sentido, só a Vida Eterna. Este é um planeta de possibilidades para todos, inclusive no campo econômico; uns alcançam mais, outros menos. Até quando será assim? Depende de nós!
Ouçamos a defesa de Rui Barbosa (1849-1923), diplomata, político e jurista brasileiro notável, que afirmou: “— Não se evita a guerra preparando a guerra. Não se obtém a paz senão preparando a paz. Si vis pacem, para pacem”. Essa avançada máxima consta da Conferência “Os Conceitos Modernos de Direito Internacional”, conhecida como “O dever dos neutros”, que pronunciou, em 14 de julho de 1916, na Faculdade de Direito de Buenos Aires, Argentina.
Quem quer que se pense libertar das manipulações do avidíssimo mercado bélico deve conceber o espírito que inspirou o corajoso Águia de Haia, quando disse: “Se queres a Paz, prepara-te para a Paz”. É evidente que é necessária a derrubada da antiga bastilha: “Si vis pacem, para bellum” (Se queres a paz, prepara-te para a guerra), erguida desde os tempos cruéis do Império Romano. Ave, Rui!
E aqui o testemunho da bela atriz Paolla Oliveira, que recentemente esteve no TBV e se expressou sobre a Paz do local: “Isso é vida, onde todas as pessoas podem se reunir com o seu credo, com a sua fé, e seguir em frente, ficarem mais tranquilas de mente e de espírito. Ele é maravilhoso, calmo, é tudo que se espera de um lugar com arte, vida, tranquilidade. É especial mesmo. Quem estiver em Brasília, recomendo conhecer”.


José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

artigo



Não existe futuro sem moços


Paiva Netto

Na Legião da Boa Vontade (LBV), não alimentamos clima para conflito de gerações. Pelo contrário: aliamos ao patrimônio da experiência dos mais velhos a energia dadivosa dos mais moços. E o povo ganha com isso. 
Estamos constantemente recordando aos jovens que um dia também terão cabelos brancos. Da mesma forma fraternalmente falamos aos idosos, lembrando-lhes de que já foram moços... É muito importante não nos esquecermos disso... 
Os jovens amanhã envelhecerão também... Se quiserem manter o mesmo espírito de esperança, a mesma feição juvenil, apesar das naturais rugas do tempo e dos sempre belos cabelos brancos, pratiquem o Bem. Não há outro caminho. É o Espírito que fortalece o nosso ânimo, que nos concede a beleza eterna da simpatia. Não há melhor cosmético do que a consciência tranquila.
Pode parecer um paradoxo. Todavia, o país que desampara os seus idosos não crê no futuro da sua mocidade. Que é a nação, além de seus componentes? Havendo futuro, os moços envelhecerão. Viverão mais. Irão aposentar-se... Uma convicção arraigada do gozo imediato das coisas é a demonstração da descrença no amanhã. E os que podem pensam: “Vamos viver agora, antes que tudo acabe!”. E os que conseguirem resistir tanto que se danem... Não há exagero algum aqui. É o que se vê. Tem-se a impressão de que muitos daqueles que desfrutam do vigor da juventude ignoram a possibilidade de até mesmo alcançar a decrepitude. Mas poderão chegar lá... Não existe futuro sem moços. Também não o há sem velhos. Jovem é aquele que mantém o ideal no Bem.


José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

ARTIGO


Em busca do Criador
Paiva Netto

Habitantes do Universo — seja ele físico ou espiritual, com suas numerosas possibilidades de atuação da criatura —, somos naturalmente receptivos à cultura do Ecumenismo dos Corações, instrumento capaz de nos iluminar o raciocínio e a Alma na incessante busca do Criador.
E não se trata de um roteiro fácil. O religioso que exerce dignamente seu ministério sofre muito; o cientista de vanguarda em geral padece da incompreensão de seus pares; o político honesto é constantemente pressionado pela corrupção que envergonha o planeta; o filósofo de visão avançada se angustia com o pensamento ainda limitado de sua geração; e assim por diante.

O ALERTAMENTO DE SCHILLER E A FUNÇÃO DA DOR
Em “Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade”, livro que estou para lançar, em 8 de novembro, nos 25 anos do TBV, teço longa dissertação sobre a Dor, pois infelizmente este tem sido o roteiro interpretado pela Humanidade. No entanto, faço-o inspirado no extraordinário exemplo de Jesus, o Cristo Ecumênico; portanto, não para a derrota nossa no desânimo, mas visando à vitória, visto que os tenho capacitado para pegar até do tormento e, com ele, alavancar a coragem. Meu intuito, assim, é mostrar a Vocês que a Dor nos fortalece e nos instrui a vencer todos os obstáculos. (...) Suplantar a adversidade foi uma das maiores lições que Jesus nos legou. E o Pai Celestial deu-Lhe a Sua bênção, fazendo-O herdeiro do Poder e da Autoridade Dele. Jesus, o Pedagogo Sublime, misericordiosamente oferta essa Magna Autoridade — em diversos graus, na escala da experiência celeste — aos que já tenham compreendido que o governo da Terra tem início no Plano da Verdade. Estejamos, pois, atentos, porque vivemos, em intensidade vertiginosa — bem que a maioria não perceba—, a transição apocalíptica anunciada desde os Profetas do Antigo Testamento, entre eles Daniel, Isaías, Ezequiel e Zacarias.
Sobre essa antevista era de transformação planetária, existem os que nela com firmeza confiam, bem como os que não lhe concedem o mínimo crédito. Ocorre, todavia, que, na contemporaneidade, pensadores e cientistas de renome têm vivenciado preocupações que antes não lhes abalavam o labor, quais sejam, o aquecimento global, com a aceleração das mudanças climáticas, além do perigo da guerra pela água, pela futura falta de combustível e pelo espaço vital, tendo em vista o grande crescimento da população do planeta.
Notamos que algo começa a sacudir os mais renitentes negadores daquilo que os de visão espiritual aclarada percebem com vasta antecedência, como, por exemplo, a existência do Mundo ainda Invisível, a Morada dos Espíritos.
Friedrich von Schiller (1759-1805), dramaturgo, poeta, filósofo e historiador alemão, resumiu o quadro atual com as seguintes palavras: “— Se do céu não desce a chispa que inflama, se não se aviva o Espírito, os corações languescem”.
A função pedagógica divina da Dor não é a de nos destruir, porém a de nos elevar no caminho da salvação. Vejam por que o Apocalipse foi escrito. E, já lhes disse, ele é uma carta de Amor de Deus a nós, Seus filhos: “ Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro de Deus, para que lhes assista o direito à Árvore da Vida Eterna e para entrarem na cidade [Jerusalém Celestial] pelas portas” (Apocalipse, 22:14).
Novamente destaco: “Aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro de Deus”, isto é, em suma, aprender e vivenciar a Santa Doutrina do Cristo, que fala ao coração e clareia o cérebro e pela qual Ele entregou Sua vida. Assim, corrigiremos nossos equívocos e teremos nossa Alma limpa por esse Divino Conhecimento.

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.