Erradicar a miséria: uma questão
econômica ou de consciência?
Paiva Netto
Dezessete de outubro, dia
Internacional da Erradicação da Pobreza. Reitero o fato que venho alertando há
muito tempo: a Solidariedade expandiu-se do luminoso campo da ética e
apresenta-se como uma estratégia, de modo que o ser humano possa alcançar a própria
sobrevivência. À globalização da miséria contrapomos a globalização da
Fraternidade Ecumênica, que espiritualiza a Economia e solidariamente a
disciplina, como forte instrumento de reação ao pseudofatalismo da pobreza.
Daí o indispensável valor da Caridade.
E observem que não é de hoje que a tese de que “a Caridade não resolve nada”
tem a defesa de alguns que atribuem a ela — acreditem — a manutenção do status
quo, em que a pobreza e a miséria são apenas maquiadas por uma ineficiente
ação assistencialista.
Esse tipo de postura carece,
contudo, de um entendimento do real papel da Caridade na melhoria das condições
de vida das populações. Vale notar, entretanto, que a defesa da inoperância
dela, mesmo equivocada, chama a atenção para o combate à inércia e à covardia
de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e no crescimento social dos povos,
preferem esquivar-se com parcas e míseras esmolas. Se bem que, para aquele que
está com fome, toda ajuda é bem-vinda.
Disse o Profeta Muhammad
(570-632) — “Que a Paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele!”: “Jamais
alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes.
E sabei que, de toda caridade que fazeis, Allah bem o sabe”.
A Caridade, aliada à Justiça,
dentro da Verdade, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é
sutil, mas eficaz. A Caridade é Deus.
José de
Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com
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